A Temporada começou em 12 de Fevereiro em Paris e depois em Lisboa e Porto, quais são as suas primeiras impressões sobre este lançamento?
Seja em Paris, Lisboa ou Porto, estou muito contente com o que vivemos. O público estava presente nas três cidades e os projetos, todos eles de altíssima qualidade, foram bem recebidos pelos meios de comunicação social nos nossos dois países. Isto é apenas o começo, mas sei que os próximos 9 meses trarão muitos outros grandes eventos.

 

A Temporada foi co-construída, como é que isto se traduz na conceção e programação?
A Temporada foi imaginada pelos dois comissariados. Primeiro por Victoire di Rosa e João Pinharanda, depois pela Victoire e por mim. Herdei esta forma de trabalhar, com base na co-construção da grande maioria dos projetos. Gostei muito desta abordagem porque fez a troca entre duas visões, o cruzamento de pontos de vista e realidades de dois países que se queriam apresentar um ao outro, concreta.

Como definiria o espírito desta Temporada?
Para mim, o espírito desta Temporada pode ser resumido em duas palavras: diversidade e futuro.

Como é vista a França em Portugal e como pode a Temporada mudar esta perceção?
Não sou socióloga, e não posso dar uma resposta exata a esta pergunta. Mas posso dizer que a França perdeu em Portugal a aura de que desfrutou durante séculos. A cultura e a língua francesas são agora apenas conhecidas por certas categorias de pessoas, e em certas áreas. Esta Temporada pode ajudar a mudar as coisas, familiarizando o público com esta França moderna e atrativa que queríamos mostrar através do programa.

E o que pensa sobre a imagem de Portugal em França, e o que pode mudar a Temporada?
Sou menos pessimista quanto à imagem de Portugal em França, embora também aqui a perceção que os franceses têm do nosso país seja um pouco antiquada. A imigração francesa para Portugal durante a última década permitiu-nos olhar para os portugueses de uma forma diferente, mas temos de perseverar.

Em março, dois grandes fóruns terão lugar como parte da Temporada, o Fórum Oceano em Paris e o Fórum Igualdade em Angers. As questões sociais estão no centro da Temporada, era importante alargar a programação para além do campo estritamente cultural?
Sim, tivemos de trabalhar num programa baseado nos grandes temas previamente definidos pelos governos português e francês. Não podemos esquecer que somos dois países europeus, com problemas comuns, que devem enfrentar juntos os desafios do século XXI. A Temporada está em consonância com as presidências francesa e portuguesa da União Europeia. Os grandes temas como a igualdade de género e o Oceano, que partilhamos, estão na vanguarda das nossas preocupações. A cultura é o fio condutor comum que liga todas as outras áreas.

O que se segue? O que gostaria de ver permanecer após a Temporada?
Para mim, a Temporada não pode terminar a 31 de outubro de 2022. Gostaria que isso fizesse com que as pessoas quisessem continuar a trabalhar e a divertir-se juntas! Que o desejo um pelo outro persista e que, 2 ou 3 vezes por ano, possamos lançar novas iniciativas em conjunto.