«Embora, no papel, a música tenha uma precisão quase militar, a técnica flexível e direta da intérprete transporta o ouvinte pelos movimentos com a fluidez de um riacho de montanha».

Assim escreve a revista francesa Diapason, em junho de 2011, sobre a performance de Ophélie Gaillard, vencedora do grande prémio Diapason d’Or pelas Suítes de Bach. Em agosto do mesmo ano, a revista The Strad assinala que «Gaillard estava no seu auge», enquanto que, já em 2007, o jornal britânico The Times a descrevia como «maga da dedilhação, grande coração lírico, e caleidoscópio de cores».

A brilhante música franco-suíça encarna uma curiosidade insaciável, um gosto pelo risco e um apetite imoderado pelo repertório do violoncelo na sua totalidade. Votada «Revelação: Instrumentista Solista do Ano» no Victoires de la Musique Classique, em 2003, tem participado, desde então, em recitais de muitos locais de prestígio.

Ophélie Gaillard é filha do Barroco. Desde muito jovem, especializou-se nos violoncelos antigos e clássicos e, muito rapidamente, já estava a partilhar o palco com grandes nomes da música erudita, como Christophe Rousset, Emmanuelle Haïm e o Ensemble Amarillis. Em 2005, fundou o Ensemble Pulcinella, um coletivo de virtuosos com uma paixão especial pela prática com instrumentos de época. Os álbuns que gravaram em conjunto, com a colaboração da soprano Sandrine Piau, «Vivaldi», «Bach Arias», «CPE Bach» e «Boccherini», obtiveram excelentes classificações, críticas, e diversos reconhecimentos e prémios. O repertório Romântico não é, porém, negligenciado: Ophélie também produziu álbuns de sucesso com as obras para violoncelo de Schumann, Fauré, Chopin, Brahms e Richard Strauss. O seu primeiro álbum solo, «Dreams», gravado com a Orquestra Filarmónica Real Britânica no lendário Abbey Road Studios, em Londres, comprovou a vocação de Ophélie para conquistar o grande público.

Ensemble Pulcinella

Créditos: © Alberto Crespo

A música foi solista na Orquestra Nacional da Bretanha; Orquestra de Cannes-Provence-Alpes Côte d’Azur; Orquestra da Rádio Polaca (Gabriel Chmura); Orquestra da Picardia (Edmon Colomer); Camerata Europeia; Orquestra Franz Liszt, de Budapeste; Nova Orquestra Filarmónica do Japão, sob a batuta de Werner Andreas Alpert; Orquestra Sinfónica de Banguecoque; Orquestra de Câmara de Moscovo; Orquestra de Câmara de Toulouse; Orquestra da Rádio Romena; Orquestra Sinfónica Nacional Checa (álbum Strauss); Orquestra Filarmónica Eslovaca; e Orquestra Filarmónica de Monte-Carlo, sob a direção de James Judd.

Como professora convidada, conduz masterclasses pela Ásia, América Latina, América Central e Europa, sendo uma figura regular e fundamental no internacionalmente prestigiado Curso de Verão e Festival ZêzereArts, que acontece anualmente na região do Médio Tejo, em Portugal, sob os auspícios da Musicamera Produções. Leciona, ainda, desde 2014, na Haute École de Musique of Geneva (HEM), além de ser jurada das Competições Internacionais de Violoncelo (ARD 2004-2019, Geneva 2020).

No âmbito da Temporada Portugal-França, Ophélie Gaillard apresenta-se nos concertos do programa «Travessias – Um Projeto de Cooperação Europeia», no Centro Cultural de Belém, em abril, e no ZêzereArts, em julho.