Nascido em janeiro de 1973, em Chambéry (França), Boris Charmatz é dançarino, coreógrafo e diretor do projeto “[terrain]”. Nas suas criações, submete-se a restrições formais que redesenham o campo das suas possibilidades criativas. O palco torna-se um bloco de notas onde se elaboram conceitos para observar as reações químicas, as intensidades e as tensões geradas pelos encontros ali travados.

Charmatz é autor de uma série de espetáculos marcantes no universo da dança contemporânea, desde “Aatt enen tionon” (1996) a “10000 gestes” (2017), para além da sua atividade como artista e improvisador, em colaboração com Médéric Collignon, Anne Teresa De Keersmaeker e Tino Sehgal. Entre 2009 e 2018, dirige o Musée de la Danse / Centre Chorégraphique National de Rennes et de Bretagne. 

Como artista associado do Festival de Avignon 2011, cria o “enfant”, peça apresentada na Cour d’Honneur do Palais des Papes e que envolve 26 crianças e 9 dançarinos adultos. Convidado para o MoMA em 2013, apresenta um programa em três partes, que se realiza no museu ao longo de três semanas. Dois anos depois, na sequência de um convite feito em 2012, o artista é mais uma vez recebido pela Tate Modern, em Londres, com “If Tate Modern was Musée de la danse?”. O espetáculo inclui versões alternativas dos projetos coreográficos “À bras-le-corps”, “Levée des conflits”, “manger”, “Roman Photo”, “expo zéro” e “20 Dancers for the XX Century”. 

Ainda em 2015, abre a temporada de dança da Ópera Nacional em Paris e estreia “Fous de danse”, um apelo para se viver a dança, em todas as suas formas, desde o meio-dia até à meia-noite. Outras edições desta montagem coreográfica, reunindo bailarinos profissionais e amadores, têm lugar em Rennes, Brest, Berlim e Paris (Festival d’Automne). Durante 2017 e 2018, Charmatz torna-se artista associado da Volksbühne Berlin, onde apresenta e reencena “danse de nuit” (2016), “10000 gestes” (2017), “A Dancer’s Day” (2017) e “enfant” (2018).

Ensaio público de “[terrain]”, de Boris Charmatz. Foto: © MuTphoto/ Barbara Braun

No final de 2018, Boris Charmatz deixa o Musée de la Danse / Centre Chorégraphique National de Rennes et de Bretagne e, para a ocasião, cria “La Ruée at Théâtre National de Bretagne”, uma performance coletiva inspirada no livro “Histoire mondiale de la France” (“História Mundial da França”), escrito sob a direção de Patrick Boucheron. Nos próximos três anos, entre 2018 e 2021, é artista associado da Charleroi Danse, na Bélgica.

Em janeiro de 2019, lança “[terrain]”. Mais tarde, no verão desse ano, o Teatro Zürcher Spektakel oferece-lhe carta branca para assumir um dos espaços do festival, junto a um lago. “[terrain] | Boris Charmatz: Un essai à ciel ouvert. Ein Tanzgrund für Zürich” torna-se, então, o primeiro teste do seu projeto — num sítio coreográfico verde, sem telhado ou paredes, têm lugar, todos os dias durante três semanas e a céu aberto, uma arquitetura de corpos, ensaios públicos, workshops para crianças, espetáculos e um simpósio.

Em 2020, o Festival d’Automne à Paris propõe o programa “Retrato Boris Charmatz”, com obras do seu repertório e novos projetos. Nesse contexto, o artista cria “La Ronde” para o evento de encerramento do Grand Palais, uma performance coletiva de 12 horas e tema de um filme e um documentário para a France Télévisions. Em 2021, orquestra, ainda, a atuação do grupo Happening Tempête para a abertura do Grand Palais Éphémère e inaugura o Festival Internacional de Manchester com “Sea Change”, uma peça de dança com 150 bailarinos amadores e profissionais. Em novembro do ano passado, cria a peça a solo “SOMNOLE”, apresentada este ano, em estreia nacional, no âmbito da Temporada Portugal-França 2022, no Festival Dias da Dança (Porto). Ainda como parte da programação da Temporada, traz “[terrain]” à capital portuguesa, de 23 de junho a 2 de julho.

Em setembro deste ano, Boris Charmatz assumirá o cargo de novo diretor do Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, continuando o legado desta que é uma das artistas mais importantes e revolucionárias na história da dança contemporânea.

 

Foto em destaque: © Duncan Elliott