O gosto pelo palco e a vontade de seguir a carreira musical nasceu quando começou a tocar em duas bandas pop – e que ainda perduram: “I Come From Pop”, com Pascal Le Floch e Laurent Gueguen; e “Pastoral Division”, em dupla com Sébastien Bozec. Estes dois amigos começaram o grupo em 2009 e lançaram o primeiro disco em 2011, mais dois em 2014 e, recentemente, lançaram “Les Choses”, em 2021, com 8 músicas originais. Este álbum tem a particularidade de ter sido o primeiro com letras inteiramente em francês e música inspirada nas tendências francesas contemporâneas. Nos discos anteriores adotam a língua inglesa. 

Em 2016, sob o pseudónimo de “Poing”, aventura-se a solo e, com o selo da Karen Koltrane Records, lança o álbum “Neige Tropicale” (Neve Tropical). No ano seguinte, lança “Prendre des Gants” (Pega nas Luvas), que, em francês, é uma expressão idiomática que significa ter muito cuidado com o que se faz e se diz para não ferir susceptibilidades.

A sua prática, pronunciadamente música eletrónica e experiências modulares, inclui guitarras, percussão, sopro, sintetizadores, voz e, frequentemente, sons que capta da natureza, dos animais ou da vida humana. Exemplo disso é o seu projeto SONARS. Em 2021, François Joncour lançou, igualmente, o álbum “SONAR TAPES”, num esforço de fusão entre a arte e a biologia marinha. Desde 2018 que o artista trabalha com o laboratório francês BeBest, que se dedica ao estudo dos ecossistemas costeiros. A investigação conjunta incide sobre a sonoridade do fundo do mar, onde se encontram tanto sons naturais como a poluição sonora produzida pelo ser humano. O objetivo é não só produzir música como alertar para a conservação dos oceanos. O primeiro tema, “Pilling Underwater”, é composto por sons de icebergs a derreter, ondas, chuva, sintetizador e letra que apela à preocupação ambiental. Outro exemplo é “Obsession and Repetition”, cujo teaser pode ser visto aqui. O disco conta com a participação de alguns músicos de renome em França, como o baterista Nicolas Courret e a violinista e cantora Mirabelle Gilis.

Algumas instalações sonoras marcam também o percurso do músico. Cruzando sons, imagens, vídeos e objetos, Joncour demonstra a sua criatividade e capacidade multidisciplinar. Por exemplo, em “Mille plis légers des ondes” (Mil Dobras de Luz das Ondas), de 2021, um vídeo em negativo mostra o que parecem tecidos a destilar e a cair sob dobras infinitas, ao mesmo tempo que um som desconcertante nos leva numa espiral de pensamentos.

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Still de Habiter le Seuil (“Habitar o Limiar”).

Outra obra de destaque do artista é “Habiter le Seuil” (Habitar o Limiar), um filme que resulta de uma dança debaixo de água e investigação sobre a baleia-jubarte ou baleia-corcunda, um dos maiores mamíferos do oceano. Na película, uma mulher dança debaixo de água e, por vezes, encontra-se com a baleia, imitando os seus movimentos. 

De setembro a novembro, o artista terá uma instalação visual e sonora na Galeria Macedo Fonseca, em Ponta Delgada, intitulada “Alta Pressão”, trabalho de parceria com o BeBest.