A missão do Fórum Igualdade é almejar por um mundo mais inclusivo. Qual a importância da sua integração no âmbito da Temporada Portugal-França 2022?
A Temporada Cruzada Portugal França 2022 é um evento extremamente importante para ambos os países, pois é uma enorme oportunidade de fortalecer laços entre instituições de diversas áreas e dar a conhecer o trabalho que é feito na área do ambiente, da sustentabilidade, da cultura. Ao ter sido decidido trazer a vertente da Igualdade para a temporada o que se quis foi transmitir uma forte mensagem de que quer Portugal, quer França, acreditam e estão comprometidos com a inclusão e com o combate á discriminação. Por isso se fez acontecer um Fórum Igualdade em Angers e agora teremos uma réplica em Guimarães. Porque a promoção da igualdade e a luta contra a discriminação não pode ser algo que se refere uma vez, é algo que tem que estar transversal em tudo o que fazemos e produzimos. Creio que é mesmo muito simbólico a realização destes dois eventos no âmbito da temporada cruzada. Sem igualdade não temos progresso sustentável. Não progredimos. E Portugal e França têm plena consciência e querem continuar a ser vozes ativas nesta demanda na União Europeia.
O que significa esta troca de ideias que promovem a igualdade de género e a inclusão, entre dois países com laços tão fortes, diante da agitação política e social que se vive atualmente?
Significa o empenho e o compromisso de que o tema da igualdade é considerado fulcral na política interna e externa, quer para Portugal, quer para França. Não é algo lateral e do universo do politicamente correto. É algo que ambos os Governos dos dois países levam a sério e faz parte integrante das suas políticas públicas. E num momento como o atual, este tipo de tomada de posição pública é ainda mais importante, pois posiciona claramente ambos os países, sem qualquer espaço para ambiguidades, do lado daqueles que não toleram a discriminação e combatem as desigualdades, sempre, em qualquer circunstância.
Neste Fórum, de que forma se pretende transmitir ao público os valores que defende? Que resultados ou ações concretas gostaria que resultassem desta ocasião?
Enquanto Presidente do Serviço Público que nacionalmente tem por missão a promoção da igualdade e o combate à discriminação, e tendo em conta os dados que nos chegam da não diminuição das situações de violência de género, nomeadamente sobre as mulheres, a minha maior ambição é que se consiga transmitir um compromisso claro no sentido de combater a violência doméstica fortalecendo o trabalho de prevenção, começando o mais cedo possível o trabalho de sensibilização e informação nas escolas. É um problema endémico, que atravessa toda a sociedade e que temos que conseguir combater de forma eficiente. Acredito que através da educação poderemos, se atuarmos de uma forma cada vez mais sistemática e insistente, ajudar a que os jovens de hoje a combaterem connosco este flagelo.
Em que sentido a transversalidade da luta pela igualdade de género pode inspirar na defesa por outras causas e direitos?
Diria que tudo depende da nossa capacidade para comunicar e para conseguir transmitir de forma acessível que as questões de igualdade estão de facto em tudo aquilo que fazemos.
Por exemplo, o mundo da arte está intrinsecamente relacionado e dependente do funcionamento da sociedade. As desigualdades entre homens e mulheres no mundo das artes ainda é uma realidade, como o é na sociedade em geral. E estas diferenças notam-se, se tivermos as lentes da igualdade para olhar, desde a conceção e produção de uma obra de arte até à comercialização da mesma, passando pelas leituras e interpretações do público.
Se conseguirmos acordar mais as pessoas para estas evidências, que são transversais em todas áreas económicas e sociais, acredito que poderemos inspirar a grandes mudanças. E as mudanças vão acontecendo, o problema é que o ritmo dessa mudança tem sido particularmente lento.
Enquanto Presidente da CIG, gostaria de voltar a colaborar com instituições francesas, no combate pela inclusão e igualdade?
Com toda a certeza. Tem sido uma experiência muito enriquecedora. Queremos definitivamente continuar a fazer trabalho em conjunto. Os nossos problemas são muito parecidos, por isso a nossa potencialidade para trocar informações e boas práticas e traçar estratégias conjuntas é quase infinita.
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